domingo, 29 de dezembro de 2013

O Viajante

Ele se sente desgastado
Pobre viajante, não sabe descansar
Não sabe o que fazer quando está cansado
Cansado até mesmo de cansar.

Cansado de ouvir demais estrelas
Que mudam de ideia como de lugar
Cansado de protegê-las
De serem ofuscadas pelo luar.

Cansado de falar com o sol
Que o queima, mesmo sem querer
Cansado de ser o farol
Num mar vazio, sem entender.

Cansado de tomar seu vinho
Feito de lágrimas, sonhos e suor.
Cansado de dormir sozinho
E então, acordar pior.

Cansado de si próprio
De estar vivendo sem vontade.
Até que encontra um telescópio
E dá um fim a essa saudade.


Siga-me no twitter! @EsTallonge

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Mundo mau

Nota: o título deste poema foi inspirado na música favorita da pessoa que me ajudou quando eu estava no chão.
Poucos sobreviveram a esta era de informação em demasia, e eu os quero por perto. Espero que gostem.

Em tempos de alta cobiça
no qual até a água tem validade
o ser humano tem preguiça
de ter a própria personalidade

E isso mata a vida aos poucos
Não o corpo, mas a mente
Sendo imune somente os loucos
os lobos se fingem inocentes.

Hoje a maldade dá prazer
e o amor só traz a dor
Os sobreviventes têm de viver
neste mundo cheio de horror

Não me preocupam pessoas más
mas os bons que fazem o mal
Será mesmo possível ter paz
neste mundo com crise existencial?

quinta-feira, 19 de dezembro de 2013

Retirante

Não obstante,
Já tenho o bastante
Pra dizer que,
Num instante,
Meu amor retirante
se alojou em ti.

quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Sumiço

Se eu sumir
Por favor, não chore
Continue sua vida normalmente
Coma, durma e ore.

Se eu vir a sumir
Não se esqueça de lembrar
Quando o vento solitário me perturbou
Você não estava lá .

Se por acaso eu sumir
Não cultive sentimentos ruins
Sentimentos podem não morrer
Mas eu, com certeza sim

Se eu simplesmente sumir
Pensará coisas que eu nem sei
Quero que saiba só de uma coisa
Não fui eu que te deixei.

domingo, 15 de dezembro de 2013

País De Sabiás

ó!, mas que bela terra
onde canta o sabiá
só canta, alegre a cantar
esquece que por aqui
também tem gente que erra
e que, de tanto errar
só não vão criar mais guerra
pois sabiá um dia para de cantar
por sede, por fome
ou por de medo de engasgar
mas sabiá que morre
vai saber o que tem lá
o sabiá que vive
quer melhorar o que tem cá
será que o que lá tem
é melhor do que cantar?
mas a gente que erra
também veio me contar
que pros sabiás sem terra
logo terra sobrará...
ri da sua audácia
de tentar me enganar
prefiro cantar mudanças
que não saber assobiar.

Lamento

Nota: Fechando essa minha fase de "mimimi" (risos), este foi o que mais me doeu fazer. Foi, de forma bruta, o 'poema do fim'. Espero que gostem.

Pensar machuca o corpo
Traz solidão e cansaço
Me arrasto, quase morto
Em busca de um sincero abraço

Sei que não estarei só
Eu só preciso entender
Que minha vida ficou pior
Depois de amar você

Sua marca em mim deixou
Mas simplesmente você não liga
Sei que não foi um ator
Mas novamente, roubou uma vida.

Agora que estou em pedaços
Tentarei me reconstruir
Com tempo e talvez outros braços
Afinal, sobrevivi a ti.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Baixinha da bochecha de esquilo

Menina do sorriso bonito,
Voz aguda e sensual.
Tem bochechas de esquilo
Pro páreo, não tem igual.

Ouve Macacos do Ártico
Gosta de monstros e homens,
Óculos de para choque,
Capacitores e Ohms.

Baixinha da pele negra,
Não para de comer besteira.
Não tente roubar seu lanche
Com ela não tem brincadeira.

Tem um coração gigante
Cabe, você, um urso e um elefante
Abraço reconfortante
Menina moça, contagiante.

*Para Gabi

Melodia do fim

Nota: a trilha sonora da vida tem isso de músicas tristes infindáveis, mas os maus momentos passam.  A vida termina. Nada é eterno, exceto a música que continua a cantar o tempo ao vento.

A trilha sonora nunca acaba, nunca muda
As notas são sempre iguais. Impassíveis.
A sensação é sempre a mesma: ruim.
Os acordes, animais selvagens. Insensíveis.

A música me acomoda e incomoda.
A letra me reduz e traduz. Sem mais.
A cada batida, uma a menos do coração.
Por que a música não acaba jamais?

Alguém a compõe enquanto vivo.
Sobrevivo.

Será eu o maestro que rege o espetáculo,
ou será essa a música do meu funeral?

O harmonioso descompasso do fim
Já tocou por tanto tempo,
que não há recordação de começo
Só se conhece o inicio
O principio do fim.

Poema da Curiosidade

Tenho que te contar uma coisa
Contanto que tu não conte a ninguém
Com tanto a te contar nesta prosa
Acaba que nela nada contém

Nada continha ou conterá
Coloco o coturno e saio soturno
Só o turno da dúvida perguntará
Em qual dos túneis meu segredo enfurno.

Palavras


Palavras jogadas ao vento
Perdidas num pensamento.
Presas no coração.

Natural

Quem já disse entender
Sabe que um dia morrerá
Um dia morrerá sem morrer
Em vez da terra, na Terra vai estar.

Eu sou o que chora enquanto dormem
O que mergulha sem medo de afundar
Mas a água sempre vence
Nos olhos, no peito e no mar.

Eu caí no seu jogo
O fogo não sabe parar,
Queima tudo ao seu alcance
O fogo que sabe beijar

E então vem o vento
Que traz tempo, conforto e calma
No aborto do teu adeus
Me prendi a um pressuposto trauma

E até hoje me atormenta a escuridão
Que engole até os mais inocentes
Crentes na chamada generosidade
E na luz que se tornou ausente.

Trilha Sonora.

Plano de fundo das minhas emoções
Entende tudo e não faz traduções
É o silencio em meio a gritaria
A responsável pela minha alegria.

Me embala em sono profundo
E faz eu esquecer desse mundo imundo.

Me faz mais forte ou mais fraco,
Dependendo do impacto
E da força com que batem em mim.

Me faz feliz sujeito, me deixa de outro jeito
Faz eu pensar em ti.

Me tira da solidão, e me joga em outra dimensão.

Faz eu pensar em coisas absurdas,
Que talvez nunca vá realizar.
E pra tudo isso, basta o play apertar.

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Encontro

Nota: no fundo todos somos meio garotinhas quando se trata de encontros. A ansiedade, o nervosismo e o medo rondeiam estes momentos, ainda mais para quem esses raramente acontecem.

Será que neste mundo corrompido
Com  habitantes convencidos
Esperar é o correto?
No fundo, nada é certo
Mas em relação ao passado,
É fácil deixar de lado
O que te faz mal no presente?
Só entende quem sente
E você não faz questão
De cuidar da situação.
Quem espera sempre alcança,
E quem espera não cansa?
Bem, eu não.
Te espero há um tempão
Aceitando suas desculpas
Não sendo alvo de suas consultas
Me calar já é rotina
Pareço até uma menina
Falando desse jeito
Mas eu bato no peito
Não hesito, nem gaguejo
Em dizer que quando te vejo
Minhas pernas viram de pano,
Meu humor vai pra cima,
Eu perco a rima,
Eu te amo.

terça-feira, 10 de dezembro de 2013

Pra quê mudar?

A borracha apaga
O que o lápis erra
Mas deixa marcas
Do que antes era

A mãe ampara
O rebelde filho
Diz que com o tempo
Entrará no trilho

A corda quebrada
Do meu violão
Se trocar por outra
Não terá igual canção

O teu tapete
Se tão pisado
Perderá a cor
Mas que pobre coitado!

O tempo diz
Que cura tudo
Mas não cura o tempo
Que muda o mundo...

O Poema dos Sete

Nota: Temos que dar valor aos amigos, mas lembre-se que o melhor dos melhores amigos tem que ser você mesmo. Este é um poema para quem se sente desvalorizado.

Um sempre esteve ali
Dois o tempo me trouxe
Três, aos poucos consegui
O outro, eu nunca soube

Indiferente da cor dos olhos que se olha
Cada um pensa do jeito que quer
Os reconheço da mesma forma
Goste de homem ou mulher.

Dos sete, tem o que investe
Que persiste por pensar em nós
Tem também o que se veste
Com o traje de um terrível algoz.

Tem o meigo e o reservado
Que comigo sei que estarão
Sei que um dia serão amados
E de carinho transbordarão

Há o magro e o decepcionado
Que não nos deixam fazer visitas
Saibam que aqui têm apoio,
Em qualquer estado de suas vidas.

O último, não menos importante
É o que passa por todos os testes
Seu coração tem uma tristeza constante
Pois este é o problema dos sete.

segunda-feira, 9 de dezembro de 2013

Naturalidade

Gosto da simetria, da sintonia
Da ordem natural das coisas
Da livre circulação
Escolha livre, sem pressão.

Guerra sedutora*

Bomba alucinante de amor
Instrumento sedutor de tortura
Arma que atira torpor
Remédio que anseios retira

Beijo acalentador da mente
Cheiro doce, entorpecedor
Olhar piedoso carente
Toque que causa calor

Sorriso calibre dezoito
Perfura pele, tripas, coração
Faz da mente do afoito
Sentimento virar confusão

Olhar maligno extasiante
Atrai para uma armadilha
Prende, tortura, amarra,
Solta. É como um entorpecente

Paixão de grande poder de fogo
Tire o pino e verás demolição
Objetos e sentimentos pegando fogo
Amor em ponto de ebulição

Jogo a granada aqui dentro
De perto acompanho a implosão
Não tenho medo de incêndio.

Tudo viverá bem no centro,
guardado no coração.

*Para Brenda.

Poema da Saudade

Nota: Depois que tudo passa, o que resta é a poesia que num passado dia fez todo o sentido.


A distância mata aos poucos
Perturba a mente mais sã
Sinto a felicidade de um louco
Meu amor volta amanhã

Os beijos que fiquei devendo
Os abraços que o tempo desfez
Meu amor, aqui me rendo
Preciso te ver outra vez

Podem apedrejar, queimar
Já não há mais sentido
Você chegou, agora pra ficar
Você chegou pra ficar comigo

Para Ser Você

Por ser sempre a mais bela
Faltou-lhe a atitude
Pra decidir a tão singela
Escolha pra que a vida mude

Sabe-se que a maçã
Cria-se do criador
A criação também é dor
Às vezes sim, às vezes sã

Desse Pai, divino ou não
Uma árvore qualquer
Ele só diz o que quer
E não tem reclamação

Mas a cor da bela fruta
É escolha sua, não do pai
Mal sabendo que isso vai
Tirar-lhe toda a permuta

Pois a (des)graça da vida
É decidi-la sozinho
Traçando o próprio caminho
Da volta e também da ida.

domingo, 8 de dezembro de 2013

Recuperando

Do estilhaço
o vidro refaço
para tampar seu coração.
O amasso
a pressão
o cansaço.
Tudo merece repetição.