Segredo:
priva-te da visão,
já não o vês.
Cegueira poética,
enxergas o que não quer.
A dor no teu peito
só cessa com teu gozo,
minutos de liberdade,
egoísmo.
Gemidos de prazer
de segundos (ou terceiros)
te enganam.
Não escolhes a dedo,
não te importa com segredo.
Te entregas à carne,
maltratas teu credo,
teu sofrimento não cabe em metro.
Já esteves dentro de dois,
três, quatro,
nem sabes.
Corpos negros, brancos,
magros, fartos,
desejo, tesão,
tudos se mistura,
cuecas saltando
voluntariamente,
os lábios e os dentes
passando por cada curva,
como chuva depois de um dia quente.
Orgasmo,
alívio momentâneo,
canseira.
E no fim,
não muda nada:
tu volta a se sentir
como poeira.